Corregedoria identifica rede de empresas ligadas a policiais denunciados por delator do PCC

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Foto: Reprodução/TV Globo

A investigação da Corregedoria da Polícia Civil e do Ministério Público paulista sobre a execução do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, ocorrido no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, revelou uma série de empresas ligadas a policiais militares e civis citados em sua delação premiada. Gritzbach, um delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), foi morto a tiros no dia 8 de novembro, apenas oito dias após denunciar supostos esquemas de extorsão envolvendo delegados e investigadores.

De acordo com informações da investigação, a rede de empresas que tem ligação com os policiais envolve negócios em diversos setores, como concessionárias de veículos, construtoras e clínicas de estética. Um dos investigadores mencionados na delação, cujo salário líquido é de R$ 5.504,70, é apontado como o verdadeiro proprietário da Baronesa Motors, uma concessionária de carros de luxo e esportivos em Bragança Paulista. A empresa foi registrada em 2022, e o policial transferiu sua participação para a esposa em 2023. A esposa também é sócia da MD Construção Incorporação Ltda, uma construtora registrada na mesma cidade.

Outro exemplo citado é um agente de telecomunicações, que recebe R$ 7.337,17 líquidos por mês e é identificado como proprietário de diversas empresas, incluindo a Magnata Construção e a Punisher Segurança, ambas registradas em locais diferentes do estado de São Paulo, como Praia Grande.

Embora a legislação não proíba servidores públicos de possuírem empresas, desde que não atuem como sócios-administradores, a investigação busca entender como os policiais conseguiram acumular um patrimônio considerável, considerando a dedicação exclusiva exigida para os cargos que ocupam.

A força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) investiga ao menos 13 policiais por suspeita de envolvimento no assassinato de Gritzbach. Dentre os investigados estão oito policiais militares, responsáveis pela escolta do empresário, e cinco policiais civis, citados nas denúncias de corrupção feitas por Gritzbach. Parte dos agentes foi afastada, mas o número total de afastados ainda não foi revelado.

A morte de Gritzbach ocorreu enquanto ele estava sendo escoltado por policiais militares, e, segundo câmeras de segurança, dois homens encapuzados, armados com fuzis, efetuaram os disparos e fugiram em seguida. O crime, que também vitimou um motorista de aplicativo e deixou outras três pessoas feridas, é investigado como homicídio, lesão corporal e localização e apreensão de objetos.

O empresário havia sido réu em processos de homicídio contra membros do PCC e estava envolvido em investigações de lavagem de dinheiro para a facção criminosa. Em abril deste ano, a Justiça homologou sua delação premiada, que incluiu acusações contra policiais civis e militares por extorsão. Em uma gravação de áudio, Gritzbach acusava um advogado vinculado ao PCC de oferecer R$ 3 milhões a um policial civil para matar o empresário, além de exigir R$ 40 milhões para não investigá-lo como mandante de homicídios ligados à facção.

Até o momento, nenhum dos assassinos foi identificado ou preso, e a investigação continua com a participação de diversos órgãos de segurança. A SSP segue com a força-tarefa para apurar todos os envolvidos na execução do empresário, que foi considerado um dos principais delatores de uma série de esquemas criminosos, incluindo extorsões e lavagem de dinheiro.

Fonte: g1.globo.com/sp/sao-paulo/

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